Portéfolio 3ºPeriodo

Produção de alimentos e sustentabilidade 

 Fermentação e atividade enzimática

Numerosos organismos são  capazes de viver na ausência de oxigénio, mobilizando energia dos nutrientes orgânicos por processos fermentativos.
Fermentação

A fermentação é um processo anaeróbio de transformação de uma substância em outra, produzida a partir de microrganismo, tais como bactérias e fungos, chamados nestes casos de fermentos.

Benefícios da Fermentação


A fermentação melhora a absorção de nutrientes importantes, especialmente ferro e zinco.
A fermentação melhora o conteúdo proteico e adiciona vitaminas e minerais.
Muitas pessoas preferem o sabor dos alimentos fermentados. Alguns dizem que o sabor azedo ajuda a recuperar o apetite quando as pessoas estão doentes.
As acetobactérias provocam o azedamento do vinho e dos sucos e frutas, sendo responsáveis pela produção do vinagre.
O ácido que é produzido na fermentação azeda ajuda a conservar os alimentos.
Entre vários processos fermentativos salientam-se a fermentação lática, a fermentação alcoólica  e a fermentação acética.

 Fermentação Lática


A Fermentação Lática consiste na conversão anaeróbica parcial de carboidratos (mais especificamente a glicose) com a produção final de ácido lático, além de várias outras substâncias orgânicas. É um processo de grande importância utilizado pelo homem na produção de laticínios (queijos, manteiga, etc.). Por outro lado, é processo responsável pela deterioração de vários produtos agrícolas.

Na fermentação lática intervêm várias bactérias, entre as quais se evidenciam a atividade de lactobactérias pertencentes aos géneros Lactobacillus e Streptococcus. Estas bactérias desencadeiam reações de fermentação no leite, utilizando como substrato diversos açúcares. Após a glicólise, o piruvato experimenta uma redução, originando-se ácido lático.

                                Imagem:Fermentação Latica (visualizado em 13/05/2017)
                                Fonte:https://sasofyp.wordpress.com

  

Fermentação Alcoólica


A fermentação alcoólica é um processo anaeróbico no qual açúcares como a glicose, frutose e sacarose são convertidos em energia celular com produção de etanol e dióxido de carbono como resíduos metabólicos. A fermentação alcoólica é essencial na produção de vinho e cerveja.

Na fermentação alcoólica, as duas moléculas de ácido pirúvico produzidas são convertidas em álcool etílico (também chamado de etanol), com a liberação de duas moléculas de CO2 e a formação de duas moléculas de ATP.

                                        Imagem:vinho (visualizado em 13/05/2017)
                                        Fonte:http://www.indupropil.com.br

Fermentação Acética


A fermentação acética consiste na oxidação parcial do álcool etílico, com produção de ácido acético. Este processo é utilizado na produção de vinagre comum e do ácido acético industrial. Desenvolve-se também na deterioração de bebidas de baixo teor alcoólico e na de certos alimentos. É realizada por bactérias denominadas acetobactérias, produzindo ácido acético e dióxido de carbono.

Enzimas em ação


As enzimas são substâncias orgânicas que catalisam reações bioquímicas, controlando a sua velocidade.

Os catalisadores caraterizam-se por:

-baixarem a energia de ativação necessária para que ocorram as reações químicas que catalisam;
-não alterarem o equilíbrio químico das reações em que participam;
-não serem destruídos pelo efeito da reação.

Algumas propriedades das Enzimas:


-são catalisadores biológicos extremamente eficientes e aceleram em média 109 a 1012 vezes a velocidade da reação;
-são específicas;
-não são destruídas pelo efeito da reação, podendo ser usadas de novo;
-atuam em concentrações muito baixas e em condições suaves de temperatura e pH.
-são destruídas por temperaturas elevadas. As baixas temperaturas inibem a sua ação, voltando a atuar quando as condições do meio são adequadas.

Estrutura das enzimas – Interação Enzima – Substrato

                                Imagem:Enzimas(visualizado em 13/05/2017)
                                Fonte:http://www.sobiologia.com.br


As enzimas, em regra, têm maiores dimensões que os substratos sobre os quais atuam. A ligação entre as duas moléculas que formam o complexo enzima-substrato faz-se na zona do centro ativo.

As ligações que se estabelecem entre a enzima e o substrato são transitórias. Ao terminar a reação libertam-se os produtos formados, ficando a enzima livre. A molécula enzimática pode então atuar sobre outra molécula de substrato, repetindo-se o ciclo até que todo o substrato esteja transformado. Deste modo, uma pequena quantidade de enzima pode catalisar uma grande quantidade de substrato.    

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Conservação, melhoramento e produção de novos alimentos

Desde a Antiguidade que o homem recorre a processos biotecnológicos, mais ou menos sofisticados, com vista à produção, ao melhoramento e à conservação de alimentos.
Actualmente, para além dos processos fermentativos clássicos, a indústria alimentar recorre à utilização directa das enzimas com vista à transformação e ao melhoramento dos produtos. Para além de enzimas de origem vegetal, animal e microbiana, nos últimos anos, a Engenharia Genética tem produzido enzimas recombinantes, utilizando-se microorganismos como hospedeiros. Esta tecnologia permite ampliar os processos de transformação de alimentos por via enzimática.

                                Imagem:Salga da carne (visualizado em 13/05/2017)
                                Fonte:http://www.significadossonhos.com


Em diversas situações, uma das vantagens da fermentação é o alargamento do período de conservação do produto alimentar transformado.
Diversos métodos de conservação dos alimentos têm sido desenvolvidos ao longo da história da humanidade. Alguns mais clássicos como a fumagem e a salga são ainda hoje utilizados. Mais recentemente, têm-se desenvolvido métodos de conservação mais sofisticados que permitem não só alargar o prazo de validade dos alimentos como também preservar as suas propriedades. Além disso, algumas substâncias adicionadas aos alimentos - aditivos alimentares - permitem melhorar algumas das suas propriedades.

Assim, pode considerar-se que os métodos de conservação visam:
- evitar ou retardar o desenvolvimento de microorganismos indesejáveis;
- evitar ou retardar a alteração dos alimentos devido a fenómenos de autólise ou de oxidação (ver post's anteriores referentes á autólise e oxidação).

 


Algumas técnicas de conservação alimentar mais utilizadas:


Esterilização 


Consiste em submeter o alimento a uma temperatura igual ou superior a 100ºC em atmosfera húmida, de forma a destruir ou inactivar os microorganismos e as enzimas capazes de produzirem alterações.
Contudo as elevadas temperaturas destroem algumas vitaminas e alteram outros nutrientes manisfestando-se no fenótipo do alimento.

Pasteurização


Mais sofisticado do que a esterilização. A temperatura utilizada é inferior a 100ºC, estando geralmente compreendida entre os 60ºC e os 80ºC.
A pasteurização baseia-se na probabilidade de o número de microorganismos que permanecem viáveis após o tratamento ser suficientemente baixo para que não possam causar adulteração do alimento.


Refrigeração e congelação


As baixas temperaturas reduzem e inibem a actividade enzimática, o que conduz a uma diminuição do metabolismo microbiano.
A refrigeração consiste na colocação dos produtos alimentares a uma temperatura ligeiramente superior ao ponto de congelação da água. A maioria dos microrganismos patogénicos veeiculados pelos alimentos cessam o seu crescimento, bem como a produção de toxinas, quando a temperatura é inferior a 4ºC.
Embora a refrigeração seja um método eficaz e muito utilizado na conservação de produtos alimentares, apenas a congelação, obtida a temperaturas iguais ou inferiores a -18ºC, garante a total interrupção do desenvolvimento de microrganismos nos alimentos. Contudo apresenta também a desvantagem de provocar a produção de cristais de gelo conduzindo a alterações na textura dos alimentos.

                                Imagem:Alimento congelado (visualizado em 13/05/2017)
                             Fonte:http://www.sodietas.com

Aditivos alimentares 


São substâncias quimicas estranhas ao alimento que lhe são adicionadas no sentido de melhorar o mesmo.
Existem conservantes que são utilizados desde há muito tempo, como o sal, o vinagre, o açúcar e o álcool. Mais recentemente, outras substâncias quimicas vieram juntar-se a estes aditivos naturais. Actualmente, os conservantes quimicos são agrupados em:
- antioxidantes;
- ácidos orgânicos e sais derivados;
- açúcares e álcoois;
- sais inorgânicos;
- gases esterilizantes;
-antibióticos.

A utilização dos diferentes conservantes é determinada pelo tipo de alimento que se pretende preservar.

Irradiação


Consiste na sujeição dos produtos alimentares a uma fonte de radiação, geralmente ultravioleta ou ionizante.

Certas radiações, como os raios UV e as radiações ionizantes, têm acção germicida e retardam a germinação e a maturação de sementes e frutos, respectivamente.
Os raios UV, devido ao seu comprimento de onda, são absorvidos pelas bases do DNA. A resistência dos microorganismos às radiações depende da fase de crescimento e do estado fisiológico da célula.

Lâmpadas UV:A irradiação dos alimentos mata os microorganismos superficiais, sem modificar as propriedades destes, que não se tornam radioactivos. A irradiação de espaços e utensílios de manipulação de alimentos permite reduzir os índices de contaminação.

Liofilização


Desidratação de alimentos congelados por sublimação da água. Permite conservar a textura e o aroma dos alimentos. A água é extraída lentamente mantendo-se a forma, aspecto e restantes propriedades do alimento, mesmo que estes já estejam cozinhados.

Fumagem


O alimento é exposto ao fumo que resulta da queima de madeira e que contém uma variedade de produtos voláteis, com efeito bacteriostático ou bactericida. O mais importante desses compostos é o formaldeído. O alimento sofre também desidratação e acção do calor.

                                 Imagem:Alimentos fumados (visualizado em 13/05/2017)
                                 Fonte:http://www.albertocarnes.pt

Embalagem no vácuo:


Remoção total do ar na embalagem.
Conservação ou embalagem em atmosfera modificada: Embalamento a baixa pressão. O ar atmosférico é substituído por uma mistura gasosa que favorece a conservação. Nessa mistura é aumentada a concentração de CO2 e diminuida a concentração de O2, em relação ao ar atmosférico.

Nos últimos anos, a engenharia genética tem permitido desenvolver novas variedades de alimentos transgénicos, os quais apresentam valores nutricionais bem diferentes dos originais.

Link:http://osegredodabiovida.blogspot.pt (visualizado em 13/05/2017)


Exploração das Potencialidades da Biosfera - Produção de Alimentos


O crescimento da população humana tem sido acompanhado por um aumento da exploração dos recursos da biosfera e pela introdução de desiquilíbrios.


Da Agricultura tradicional à Intensiva


As plantas, os animais e os produtos que deles derivam constituem, na sua quase totalidade, os recursos alimentares do Homem que são obtidos essencialmente, pela agricultura, pecuária e pesca.

A partir da segunda metade do século XX, a necessidade crescente de alimentos e o desenvolvimento científico e tecnológico das sociedades traduziram-se num aumento da produção de bens alimentares, para o qual contribuiram os seguintes factores:
desenvolvimento de equipamento agrícola;
utilização de fertilizantes químicos e pesticidas na agricultura;
desenvolvimento de técnicas mais eficientes de irrigação;
intensificação e modernização da pecuária e da aquacultura;
melhoria das embarcações e das técnicas de pesca;
aplicação da biotecnologia no melhoramento de espécies de organismos utilizadas na alimentação humana e no aumento da sua produtividade.

O desenvolvimento de novos equipamentos e produtos de uso agrícola foi acompanhado da alteração de um modelo de agricultura tradicional, de tipo familiar, para a agricultura intensiva, assente na monocultura, nos países industrializados.

Agricultura Tradicional:


Cultivo de pequenas áreas em regime de policultura, com utilização de técnicas que preservam a rentabilidade do solo, tais como:
-rotação de culturas;
-pousio;
-aplicação de adubos orgânicos;
-associação de espécies com diferentes necessidades em elementos minerais;
-rega manual, muitas vezes com recurso a desvio de água dos rios ou a poços;
-trabalho essencialmente manual ou com a ajuda de animais.

Consequências:


-produção de alimentos em pequena quantidade, que apenas satisfaz as necessidades familiares ou de uma pequena comunidade;
-mantém a fertilidade do solo;
-não causa poluição do solo ou da água;
-preserva os recursos hídricos.

                                Imagem:Agricultura Tradicional (visualizado em 19/05/2017)
                                Fonte:http://meioambiente.culturamix.com

 Agricultura Intensiva: 


cultivo de grandes áreas, em regime de monocultura, com apenas uma espécie.

As tecnologias aplicadas incluem:

-utilização de adubos sintéticos;
-utilização de pesticidas;
-rega automática;
-trabalho executado por máquinas.

Consequências:


-produção de alimentos em grande quantidade, destinados a serem comercializados;
-a obtenção de novas áreas agrícolas é muitas vezes feita à custa da desflorestação;
-os elementos minerais do solo esgotam-se rapidamente, conduzindo à degradação do solo e à desertificação;
-a falta de biodiversidade torna mais comum o aparecimento de doenças e de pragas;
-o excesso de adubos e pesticidas polui o solo e a água;
-os volumes de água utilizados na irrigação contribuem para o esgotamento dos recursos hídricos;
-consumo de grandes quantidades de energia fóssil.


                               Imagem:Agricultura Intensiva (visualizado em 19/05/2017)
                               Fonte:http://agriculturers.com


Outras estratégias para aumentar a produção de alimentos


Reprodução Selectiva: é utilizada desde há vários séculos e baseia-se na selecção artificial para obter variedades de plantas ou animais com características vantajosas.
Em cada geração, são promovidos os cruzamentos entre indivíduos que apresentam as características desejadas, que, assim, aumentam a sua representatividade na geração seguinte.


A reprodução selectiva permite:


-Obter produtos de melhor qualidade, como frutos, sementes, carne, leite, ovos ou peles;
melhorar as capacidades de reprodução, o que permite obter uma descendência mais numerosa;
-obter variedades de plantas e animais mais resistentes a doenças e parasitas.

Nos animais, a reprodução selectiva foi facilitada com o desenvolvimento das técnicas de inseminação artificial. O sémen de um macho com características vantajosas pode ser usado para inseminar uma grande quantidade de fêmeas.

Desvantagens associadas à reprodução selectiva:


-é um processo lento;
-apenas permite combinar características de indivíduos da mesma espécie ou de espécies -relacionadas;
-as variedades resultantes perdem eficácia num período de tempo curto devido a pragas e -doenças.

Propagação Vegetativa: permite a obtenção de clones de plantas com características desejáveis, por reprodução assexuada. As plantas possuem uma grande capacidade de regeneração devido à totipotência de algumas das suas células. A propagação por estaca, a mergulhia e a enxertia são algumas das técnicas de propagação vegetativa.


Cultura de Tecidos e Micropropagação Vegetal:


A micropropagação é uma extensão dos métodos tradicionais de propagação vegetativa.
A clonagem de plantas com características desejáveis é obtida pela cultura in vitro de tecidos vegetais, sob determinadas condições de assepsia, num meio com nutrientes e hormonas e com controlo de factores abióticos, como a luz, temperatura, oxigénio e CO2.

Processo:


1-Escolha do explante – a escolha do explante condiciona o grau de sucesso na micropropagação, pelo que a sua fonte deverá ser cuidadosamente escolhida. Os explantes devem ser provenientes de plantas jovens adultas, de preferência de zonas de crescimento activo, nomeadamente dos meristemas.

2-Desinfecção do explante: a desinfacção é feita em etapas, com recurso a álcool etílico comercial em concentração de 50 a 70%, hipoclorito de sódio (lixívia) ou cálcio, seguido de lavagens com água destilada.

3-Incubação em meio de crescimento: o explante é incubado em meio de crescimento, contendo uma mistura de sais minerais, fonte de energia (sacarose), vitaminas e fito-hormonas (tais como auxinas e citocininas). As células crescem e multiplicam-se indefinidamente, desde que o meio seja periodicamente renovado. O conjunto de células indiferenciadas denomina-se tecido caloso.

4-Transferência do tecido caloso para meio contendo determinadas concentrações hormonais – organogénese.

5-As plântulas regeneradas in vitro são aclimatizadas e transferidas para o solo.


A micropropagação permite:


-a protecção das culturas contra as doenças/produção de plantas livres de vírus por cultura de meristemas;
-a obtenção de taxas de multiplicação e crescimento superiores ao normal;
-o controlo de factores ambientais adversos;
-a realizaçao de pesquisas de melhoramento genético;
-a obtenção de grandes quantidades de compostos a custos reduzidos – é a partir do seu -metabolismo que as plantas produzem substâncias químicas com propriedades farmacológicas. Cerca de 25% dos medicamentos prescritos possuem produtos extraídos de de plantas, sendo os procedimentos para a sua extracção extremamente dispendiosos. --As técnicas de cultura poderão representar uma forma de facilitar a obtenção/extracção desses produtos, com maior grau de pureza;
-a redução do espaço para o seu crescimento;
-a propagação de espécies de difícil reprodução;
-a obtenção de plantas homozigóticas para todos os genes por cultura de anteras, seguida de indução da duplicação cromossómica.

Criação e Clonagem de Animais:


Nas últimas décadas, o número elevado e crescente de animais em explorações levou a pecuária a uma intensificação preocupante, conduzindo a uma exagerada produção de efluentes, cujo armazenamento, tratamento e destino levantam problemas ambientais e sócio-económicos.

A criação de animais destinados à alimentação humana em espaços restritos e densamente ocupados, como aviários e suiniculturas, permite produzir grandes quantidades de carne em pouco tempo, mas recorre, geralmente, à utilização de substâncias com efeitos adversos sobre a saúde humana, tais como:

-Antibióticos: previnem doenças e inibem o crescimento de bactérias da flora intestinal, o que permite canalizar os nutrientes exclusivamente para o crescimento do animal. Aumentam os riscos de reacções alérgicas e de desenvolvimento de resistências em seres humanos.

-Hormonas: permitem aumentar a produção de massa muscular, conferindo ao animl maior peso. No entanto, os compostos fornecidos aos animais podem não ser destruídos durante a preparação de alimentos e, eventualmente, originar dioxinas, que são potencialmente tóxicas e cancerígenas. Estas substâncias podem entrar na cadeia alimentar humana e causar efeitos nefastos nos sistemas imunológico e neurológico, principalmente nas crianças.

-Farinhas de origem animal: permitem aumentar a quantidade de proteínas na alimentação do animal, mas podem introduzir desiquilíbrios, como o que levou ao aparecimento da variante humana da encefalopatia espongiforme bovina (BSE)

A clonagem de animais, como ovelhas ou coelhos, pode ser conseguida através de fecundação in vitro seguida da divisão e transferência de embriões. As primeiras células que resultam da divisão do zigoto são totipotentes e podem ser separadas e cultivadas em meio de cultura apropriado, dando origem, cada uma delas, a um embrião que é implantado no útero de uma fêmea. Esta técnica permite a selecção de gâmetas de animais com características vantajosas que, assim, vão originar numerosos descendentes num curto espaço de tempo.

A generalização da clonagem animal será acompanhada de uma perda de variabilidade genética, que se traduz numa menor capacidade de adaptação da espécie às alterações do ambiente.

Organismos Geneticamente Modificados (OGM):


A tecnologia do DNA recombinante torna possível a manipulação do genoma de plantas e animais utilizados na alimentação humana, com determinados objectivos:
-melhoramento das propriedades nutritivas;
-aumento da produção de carne, leite, sementes, frutos e outros géneros;
-tolerância a condições ambientais adversas;
-resistência a herbicidas;
-alteração da maturação de frutos.


Papel da Biotecnologia no combate à fome


A cultura de tecidos e a micropropagação vegetal são as técnicas de maior sucesso na produção de géneros alimentares, em mercados da Ásia, América Latina e África, pois são pouco dispendiosas e adequadas às potencialidades económicas dos países em questão.

Exemplos de projectos biotecnológicos em curso nos países do Terceiro Mundo que visam aumentar a produtividade agrícola e, desta forma, combater a fome e subnutrição:

-produção de arroz transgénico resistente ao vírus RYMV endémico do continente africano, capaz de dizimar arrozais na sua totalidade;
-produção de arroz com consideráveis quantidades de ferro e vitamina A (o arroz constitui muitas vezes o único alimento disponível);
-criação de variedades de plantas resistentes a secas para impulsionar a produtividade das zonas semiáridas do continente;
-criação de variedades de trigo e milho resistentes ao alumínio, prontas para crescer em solos tropicais com elevados teores deste metal.


A Biotecnologia não constitui, por si só, uma solução para a fome no mundo. A prossecução desse objectivo só pode ser concretizada através de medidas políticas e sócio-económicas de âmbito local e global.

Link:http://biohelp.blogs.sapo.pt/1314.html (visualizado em 19/05/2017)

Controle de Pragas

Organismos que reduzem a qualidade, a possibilidade de utilização e o valor dos recursos úteis são designados por pragas.

Nos ecossistemas naturais e nos ecossistemas agrários com policultura existem “defensores naturais” (predadores e parasitas) que, em regra, controlam 50% a 90% das pragas que atacam as plantas.

Nas monoculturas, sistemas agrários mais frágeis, a intervenção do ser humano é necessária, utilizando diferentes processos de proteção.
Luta química

Em muitas circunstâncias, para garantir boas produções agrícolas, recorre-se ao uso de produtos químicos que combatem espécies nocivas ou funcionam como reguladores do crescimento. Estes produtos são designados por pesticidas, dos quais se podem destacar: inseticidas, herbicidas, fungicidas, raticidas, etc.

Anualmente são utilizadas no mundo mais de três milhões de toneladas de pesticidas, principalmente nos países desenvolvidos.
Quando os inseticidas falham o seu alvo, como, por exemplo, quando são lançados de avião em grandes quantidades acabam por contaminar as águas superficiais e subterrâneas, os sedimentos, os alimentos e outros organismos, incluindo os seres humanos.
Alguns pesticidas têm um largo espectro de ação, sendo tóxicos para quase todas as espécies. Estes pesticidas são designados por biocidas. Outros, porém, têm um espectro de ação estreito, ou seja, são muito seletivos, sendo eficazes contra um grupo definido de organismos.

É evidente que a aplicação de pesticidas trouxe benefícios para a Humanidade, não só salvando milhões de vidas humanas que morreriam por doenças transmitidas por insetos, ratos, etc., mas também devido ao aumento da produção de alimentos para uma população crescente. Contudo, o uso indiscriminado e excessivo de pesticidas, mesmo a nível doméstico, causa doenças variadas e mesmo acidentes por envenenamento, principalmente em crianças.

Muitos pesticidas de largo espetro de ação têm um efeito secundário nos ecossistemas, afetando outros organismos  que não são visados pelo tratamento. Por vezes eliminam os predadores das próprias pragas, o que vai favorecer a multiplicação das mesmas.
Uma longa persistência de um pesticida pode ter efeitos perigosos, contaminando as águas superficiais e subterrâneas e entrando nas cadeias alimentares. A aplicação de pesticidas com determinado fim pode afetar outras populações dos ecossistemas, tendo dois efeitos indesejáveis: bioacumulação e bioampliação.

Bioacumulação


Algumas moléculas são absorvidas e armazenadas em tecidos e órgãos específicos dos indivíduos em níveis mais elevados do que aqueles que seriam de esperar. Existindo o pesticida no meio, os seres vivos, ao consumirem água ou outros organismos que já o absorveram, podem acumulá-lo nos seus tecidos.

Bioampliação


A concentração de alguns pesticidas aumenta quando eles passam sucessivamente para níveis tróficos mais elevados das cadeias alimentares, ou seja, as concentrações nos tecidos dos organismos pertencentes a níveis tróficos superiores são maiores do que as concentrações naqueles que pertencem a níveis tróficos mais baixos.


A toxicidade de alguns pesticidas, aliada à elevada concentração em certos organismos, pode estar relacionada com o desaparecimento de algumas populações.
Na minha opinião, a utilização de pesticidas é essencial à vida humana, pois há que controlar as pragas. Contudo, há que utilizar os pesticidas corretos e nas porções corretas, senão tornam-se prejudiciais.


Luta biológica


A luta biológica natural existe e existiu sempre, controlando muitas pragas nos ecossistemas naturais.

                            Imagem: Corujas caçam ratos (visualizado em 19/05/2017)
                            Fonte:http://portalpaisagismo.blogspot.pt/2010/01/vida-de-inseto.html

                               Imagem:As joaninhas atacam pulgões. (visualizado em 19/05/2017)
                               Fonte:http://portalpaisagismo.blogspot.pt/2010/01/vida-de-inseto.html




Diferentes estratégias podem ser usadas na luta biológica das quais destacam-se: o recurso a organismos auxiliares, o uso de feromonas e o recurso à esterilização de seres que constituem pragas, fazendo diminuir a sua reprodução.

Organismos auxiliares: são seres vivos utilizados na luta contra pragas, como, por exemplo, mamíferos, aves, anfíbios, insetos, plantas, fungos e mesmo microorganismos, como certas bactérias, que atacam  e destroem seres prejudiciais.

A bactéria Bacillus thuringiensis e as suas toxinas são vendidas no mercado sob a forma de vários produtos que se aplicam para destruir larvas de insetos que atacam muitas culturas, como as larvas de escaravelho da batateira, as da borboleta da couve e do tomate, a traça da uva, etc.

Feromonas: são substâncias químicas produzidas por certos animais que têm um efeito comunicacional à distância. As feromonas desencadeiam uma reação fisiológica  ou um comportamento específico noutros animais da mesma espécie, pois só estes possuem recetores específicos para essas substâncias. As fêmeas, quando estão preparadas para acasalar, libertam quantidades ínfimas de uma feromona que tem o efeito de atração sexual.

Quando a fêmea está apta para ser inseminada, produz uma feromona que é disseminada pelas correntes de ar. Os machos da mesma espécie têm recetores para essas moléculas. Mesmo que estejam a milhares de metros de distância , são informados de que uma fêmea da sua espécie está sexualmente recetiva. Orientando-se pela direção do vento e pelo gradiente da concentração de moléculas, eles podem localizar a fêmea.
Uma das características das feromonas é que uma vez produzidas elas permanecem no ambiente por muito tempo.

Podem utilizar-se estratégias deste tipo para atrair animais para armadilhas numa tentativa de controlar pragas. Existem no mercado feromonas que podem ser adquiridas e utilizadas para esse fim.

Esterilização de machos


Consiste na criação de grandes quantidades de machos da espécie considerada, que são esterilizados em determinada fase do desenvolvimento. A esterilização pode ser feita por métodos físicos, recorrendo a radiação ionizante, ou por métodos químicos, utilizando substâncias que ingeridas pelos machos os tornam estéreis

Os machos estéreis são depois largados em grandes quantidades na área afetada, para competirem com os machos existentes na Natureza, durante o acasalamento. Os machos esterilizados, ao acasalarem com as fêmeas, impedem a formação de ovos viáveis, não dando origem a descendência. Sem descendência, a praga vai diminuindo progressivamente, assim como os prejuízos em causa.
Controlo genético

Atualmente, é possível, dentro de certos limites, melhorar a produção agrícola, obtendo plantas resistentes a certos consumidores e parasitas, reconhecidos como os mais perigosos para determinada cultura. Pode recorrer-se a cruzamentos seletivos, obtendo variedades com as características que interessam, ou recorrer à engenharia genética, transferindo para a planta o gene que lhe permite resistir a um agressor particular.


Poluição e degradação de recursos


Uma das grandes marcas da racionalidade do homem é talvez o exagero. Utiliza inteligentemente a natureza em seu benefício, mas explora incessantemente os recursos naturais, esquecendo-se de que um dia o poço vai secar. Esquece-se também que seria conveniente promover um desenvolvimento sustentável. Isto é, ir ao encontro das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.


Quando pensamos em impacte ambiental, imediatamente nos lembramos das alterações que as ações humanas provocam ao nível do meio ambiente. O conceito de poluição está intimamente relacionado com este impacte. Como podemos definir poluição? Simplesmente como a contaminação das águas, do solo ou do ar, através da libertação de substâncias químicas ou resíduos no meio. Estas substâncias suscetíveis de causar poluição são chamadas poluentes. A definição é simples, o problema não! De facto, a poluição tem consequências que são no mínimo devastadoras, ao nível de todos os subsistemas terrestres.

                                Imagem:Poluição (visualizado em 19/05/2017)
                                Fonte:http://www.aoponto.com.br/tag/consumo-responsavel/


Existem vários tipos de poluição. Clica e descobre mais sobre poluição aquática, poluição atmosférica e poluição dos solos.

Quanto às fontes de poluição, podemos classificá-las como:
  ·Fontes tópicas (localizadas) – são facilmente identificadas e controladas, podendo ser pontos de descarga de indústrias, minas abandonadas, plataformas de crude, esgotos domésticos, entre outros.
  .Fontes difusas (dispersas) – são difíceis de identificar e controlar, sendo normalmente extensas áreas, como centros urbanos, zonas rurais ou ainda terrenos agrícolas.

Ao falar de poluição, surge inevitavelmente outro conceito, o de contaminação. A contaminação ocorre aquando da introdução de organismos ou substâncias no meio ambiente, numa concentração superior à tolerável nessa área, provocando desequilíbrios.

Algumas substâncias poluentes podem ser avaliadas de acordo com os efeitos que causam no organismo a elas exposto, isto é, de acordo com o seu grau de toxicidade. Outro fator importante a considerar é a dose letal média, que traduz a quantidade de substância tóxica necessária para eliminar 50% de uma dada população em estudo. No metabolismo dos seres vivos, as substâncias tóxicas são normalmente excretadas, mas algumas delas não são facilmente eliminadas, podendo provocar alterações nos indivíduos. De facto, algumas substâncias tóxicas são absorvidas e armazenadas em tecidos e órgãos dos seres vivos, em concentrações muito elevadas, num processo de bioacumulação. Numa cadeia alimentar, ao passar de nível trófico em nível trófico, a concentração dessas substâncias tóxicas vai aumentando, acumulando-se em concentrações altíssimas nos níveis tróficos mais elevados. Verifica-se um fenómeno de bioampliação.

                                Imagem:Poluição causada pelo homem (visualizado em 19/05/2017)
                                Fonte:http://opaonossodabiologia.blogspot.pt


Para piorar ainda mais a situação, algumas substâncias tóxicas, quando combinadas com outras, são ainda mais nocivas do que ao atuarem isoladamente. Se
Efeito do composto A + Efeito do composto B < Efeito do composto AB
então estamos perante um caso de sinergismo.

Alguas destes contaminantes têm efeitos devastadores ao nível da saúde humana, podendo atuar como agentes mutagénicos e teratogénicos. Os primeiros, que podem ser substâncias químicas ou radiações, provocam mutações ao nível das células, podendo mesmo levar ao aparecimento de cancro (agentes cancerígenos). Os segundos influenciam o desenvolvimento embrionário, podendo causar malformações congénitas, e podem ter origem em infeções, produtos químicos, radiações, medicamentos, entre outros.
Não há dúvida de que são as atividades humanas que têm vindo a contaminar os ecossistemas. Somos nós que estamos a tornar o planeta perigoso para nós próprios… E para toda a biosfera. PRESERVAÇÃO, RESPONSABILIDADE, CONSCIÊNCIA, EQUILÍBRIO, RECUPERAÇÃO… Tudo isto é necessário, se queremos garantir a “saúde” da nossa casa!

Link:http://opaonossodabiologia.blogspot.pt  (visualizado em 19/05/2017)

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