Brasil lidera expansão do plantio de transgênicos. O que se planta aqui?
A primeira planta geneticamente modificada no mercado
americano foi um tomate que demorava mais tempo para estragar. Esse tipo de
tecnologia não existe entre os transgênicos comercializados no Brasil
Em 2015, a área plantada de transgênicos caiu pela primeira
vez em duas décadas no mundo. No ano de 2016, porém, houve uma reversão: a área
plantada com sementes geneticamente modificadas aumentou 3%. E o Brasil foi
protagonista nessa alta. De um crescimento mundial de 5,4 milhões de hectares,
4,9 milhões foram plantados no país, onde houve um salto de 11% na área com
transgênicos. Nos Estados Unidos, o aumento foi de 3%. Os dados são do Isaaa
(Serviço Internacional Para Aquisição de Aplicações Agro Biotécnicas), uma rede
de centros de pesquisa que promove esse tipo de produto.
Segundo a entidade, os
EUA são o país com a maior área plantada de transgênicos, com 72,9 milhões de
hectares. O Brasil vem em seguida, com 52,6 milhões de hectares. Transgênicos
são plantas cujo material genético é alterado com o objetivo de atingir alguma
característica desejada. A característica mais comum dentre os transgênicos
aprovados no Brasil é a resistência a herbicidas. Como as plantas são
resistentes a agrotóxicos específicos, agricultores podem despejá-los sobre a
lavoura, matando ervas daninhas em volta sem prejudicar o alimento. Dessa
forma, as plantas crescem com mais facilidade.
Os tipos de transgênicos
plantados no Brasil
Nos Estados Unidos, o primeiro transgênico a entrar no
mercado foi o tomate FlavrSavr, em 1994. Ele tinha como característica
principal demorar mais tempo para estragar, mas seu sabor não agradou e ele
deixou de ser produzido. Plantas com características como o FlavrSavr são hoje
mais exemplos anedóticos do potencial dessa tecnologia do que uma realidade
prática no mundo. Elas nunca chegaram em peso às prateleiras brasileiras.
O
primeiro transgênico aprovado no Brasil foi uma espécie de soja produzida pela
multinacional de biotecnologia Monsanto. Sua principal característica é ser
resistente ao herbicida Roundup Ready, o nome comercial do glifosato, vendido
pela mesma empresa. Segundo dados atualizados em janeiro de 2017 pela CTNBio
(Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), daquele momento até então, a
maior parte dos 63 transgênicos aprovados para plantio no país tem esse traço.
Em entrevista ao Nexo, a socióloga Marijane Lisboa,
professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e ex-representante
de consumidores na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, responsável pela
aprovação de transgênicos no país, afirmou que os principais tipos de
transgênicos comercializados no Brasil e no resto do mundo são espécies de
soja, algodão e milho. Dos 63 transgênicos aprovados no Brasil desde 1998,
apenas dois não são dessas culturas. Um é um tipo de feijão criado pela Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) que é resistente ao vírus do
mosaico.
Outro é uma espécie de eucalipto capaz de produzir mais madeira,
criada pela empresa israelense FuturaGene. Marijane critica o fato de que, no
geral, a tecnologia está atrelada ao uso de agrotóxicos. Além de resistência a
herbicidas, outro traço comum é a produção de toxinas mortais a pragas, o que
os torna mais resistentes. Em entrevista concedida em agosto de 2016 ao jornal
“Folha de S.Paulo” na qual comentou a imagem negativa de transgênicos entre a
população brasileira, Maria Lúcia Vieira, professora titular da Esalq (Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, afirmou que, além da produção
de tecido, no caso do algodão, o principal destino dos transgênicos é a
alimentação de animais para o abate. A pesquisadora avalia que esse fato
contribui para que essas culturas não ofereçam risco à população.(...)
Link:https://www.nexojornal.com.br (visualizado em 6/05/2017)
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