sábado, 20 de maio de 2017

Brasil lidera expansão do plantio de transgênicos. O que se planta aqui?

Brasil lidera expansão do plantio de transgênicos. O que se planta aqui?



A primeira planta geneticamente modificada no mercado americano foi um tomate que demorava mais tempo para estragar. Esse tipo de tecnologia não existe entre os transgênicos comercializados no Brasil

Em 2015, a área plantada de transgênicos caiu pela primeira vez em duas décadas no mundo. No ano de 2016, porém, houve uma reversão: a área plantada com sementes geneticamente modificadas aumentou 3%. E o Brasil foi protagonista nessa alta. De um crescimento mundial de 5,4 milhões de hectares, 4,9 milhões foram plantados no país, onde houve um salto de 11% na área com transgênicos. Nos Estados Unidos, o aumento foi de 3%. Os dados são do Isaaa (Serviço Internacional Para Aquisição de Aplicações Agro Biotécnicas), uma rede de centros de pesquisa que promove esse tipo de produto. 

Segundo a entidade, os EUA são o país com a maior área plantada de transgênicos, com 72,9 milhões de hectares. O Brasil vem em seguida, com 52,6 milhões de hectares. Transgênicos são plantas cujo material genético é alterado com o objetivo de atingir alguma característica desejada. A característica mais comum dentre os transgênicos aprovados no Brasil é a resistência a herbicidas. Como as plantas são resistentes a agrotóxicos específicos, agricultores podem despejá-los sobre a lavoura, matando ervas daninhas em volta sem prejudicar o alimento. Dessa forma, as plantas crescem com mais facilidade. 

Os tipos de transgênicos plantados no Brasil 

Nos Estados Unidos, o primeiro transgênico a entrar no mercado foi o tomate FlavrSavr, em 1994. Ele tinha como característica principal demorar mais tempo para estragar, mas seu sabor não agradou e ele deixou de ser produzido. Plantas com características como o FlavrSavr são hoje mais exemplos anedóticos do potencial dessa tecnologia do que uma realidade prática no mundo. Elas nunca chegaram em peso às prateleiras brasileiras.

O primeiro transgênico aprovado no Brasil foi uma espécie de soja produzida pela multinacional de biotecnologia Monsanto. Sua principal característica é ser resistente ao herbicida Roundup Ready, o nome comercial do glifosato, vendido pela mesma empresa. Segundo dados atualizados em janeiro de 2017 pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), daquele momento até então, a maior parte dos 63 transgênicos aprovados para plantio no país tem esse traço.


Em entrevista ao Nexo, a socióloga Marijane Lisboa, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e ex-representante de consumidores na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, responsável pela aprovação de transgênicos no país, afirmou que os principais tipos de transgênicos comercializados no Brasil e no resto do mundo são espécies de soja, algodão e milho. Dos 63 transgênicos aprovados no Brasil desde 1998, apenas dois não são dessas culturas. Um é um tipo de feijão criado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) que é resistente ao vírus do mosaico.

Outro é uma espécie de eucalipto capaz de produzir mais madeira, criada pela empresa israelense FuturaGene. Marijane critica o fato de que, no geral, a tecnologia está atrelada ao uso de agrotóxicos. Além de resistência a herbicidas, outro traço comum é a produção de toxinas mortais a pragas, o que os torna mais resistentes. Em entrevista concedida em agosto de 2016 ao jornal “Folha de S.Paulo” na qual comentou a imagem negativa de transgênicos entre a população brasileira, Maria Lúcia Vieira, professora titular da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da USP, afirmou que, além da produção de tecido, no caso do algodão, o principal destino dos transgênicos é a alimentação de animais para o abate. A pesquisadora avalia que esse fato contribui para que essas culturas não ofereçam risco à população.(...)

Link:https://www.nexojornal.com.br (visualizado em 6/05/2017)

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