Portéfolio 2ºPeríodo

Regulação do material genético


Em 1961, François Jacob e Jacques Monod propuseram o Modelo do Operão como principal mecanismo de controlo da expressão dos genes em bactérias.

Operão é então a unidade funcional constituída pelos seguintes elementos:

Genes estruturais: conjunto de genes que codificam proteínas com funções relacionadas, como, por exemplo, as várias enzimas de uma determinada via metabólica.

Gene promotor: sequência específica de nucleótidos do DNA à qual se liga a RNA polimerase e onde tem início a transcrição.

Gene operador: sequência de DNA que controla o acesso da RNA polimerase ao promotor e que permite activar ou desactivar a transcrição de todos os genes estruturais.

Gene Regulador: encontra-se a uma determinada distância do operão, tem o seu próprio promotor e codifica o repressor.

Repressor: proteína alostérica com duas formas, uma activa e uma inactiva. É específico, reconhece e liga-se apenas ao operador de um determinado operão.


                                Imagem:operão (visualizado em 28/02/2017)
                                Fonte:http://www.biorede.pt/page.asp?id=1564

A transcrição dos genes estruturais do operão origina uma longa molécula de mRNA. Este mRNA tem sinais de iniciação e de paragem que permitem individualizar as diferentes proteínas.
Tipos de regulação dos genes em procariontes:

Regulação negativa: o operão é bloqueado pela forma activa do repressor. A ligação do repressor activo ao operador impede a ligação da RNA polimerase ao promotor e inibe a transcrição.

Operão repressível:


O repressor é sintetizado na forma inactiva, com pouca afinidade para o operador, o que permite a transcrição dos genes estruturais. O produto final da via metabólica funciona como co-repressor e, quando a sua quantidade aumenta, liga-se ao repressor e activa-o. O repressor activo liga-se ao operador e bloqueia a transcrição. Quando a quantidade do produto final diminui, a transcrição é retomada.
Processo de regulação característico de vias anabólicas que sintetizam produtos essenciais a partir de percursores. A suspensão da transcrição de genes que codificam um produto presente no meio em quantidade suficiente permite poupar recursos e energia, sendo essencial para a resposta à variação das condições ambientais e adaptação evolutiva.

Ex: Operão trp em E.coli.

Operão indutível:


O repressor é sintetizado na forma activa e liga-se ao operador, bloqueando a transcrição dos genes. Um indutor inactiva o repressor e induz a transcrição dos genes.
Processo de regulação característico de vias catabólicas. Genes que codificam enzimas são apenas transcritos se o substrato estiver presente.
Ex: Operão lac em E.coli.



Regulação positiva: uma proteína reguladora, o regulão, estimula directamente a expressão dos genes
O regulão é activado pela ligação de uma molécula específica. Na sua forma activa, liga-se a um local a montante do promotor, facilitando o acesso da RNA polimerase ao promotor e induzindo a transcrição.
Um mesmo regulão actua em diferentes operões.


Regulação em Eucariontes


Apenas uma pequena parte do genoma dos eucariontes é ocupada por genes que codificam proteínas. No entanto, o número de proteínas produzidas pelos eucariontes excede largamente o número de genes. Este facto pode ser explicado tendo em consideração o seguinte:
os exões codificam sequências de aminoácidos, designadas domínios, que podem fazer parte de mais do que uma proteína. Diferentes combinações de exões formam diferentes proteínas;
sequências de DNA, que funcionam como intrões num determinado contexto, podem funcionar como exões e codificar proteínas num contexto diferente.


A maioria do material genético de uma célula não se expressa, encontrando-se reprimido.
Este controlo da expressão genética está na origem da diferenciação celular, permitindo que só os genes específicos de um tecido sejam expressos nas células que o compõem. Assim, a expressão génica é o principal factor que determina as características estruturais, funcionais e comportamentais de uma célula, sendo a responsável pela ontogenia celular (história do desenvolvimento de um organismo ao longo da sua vida).
Numa dada célula, um gene pode exprimir-se só em determinados estádios de desenvolvimento ou em resposta a factores externos, como a modificação das condições ambientais.


Acção do Operão da lactose em procariontes (regulação em resposta a factor externo):


Num meio pobre em lactose, as moléculas de -galactosidase (enzima que degrada a lactose) que existem no interior de uma célula de E. coli são em número reduzido.
Depois de se adicionar lactose ao meio, a célula rapidamente produz esta enzima, em grandes quantidades, para a sua degradação.
Quando a produção de -galactosidase é induzida, são produzidas mais duas enzimas: uma permease e uma transacetilase.
Estas enzimas são codificadas por genes estruturais.

Para além de os três genes serem adjacentes no mesmo cromossoma, eles são também transcritos num único RNA. Mas, enquanto não houver lactose no meio, esses genes não são expressos.

No processo de regulação negativa, em operões como o da lactose, e na ausência de substrato, uma proteína repressora (produzida na forma activa) liga-se ao operador, impedindo que a RNA polimerase se ligue ao promotor, de tal forma que a transcrição não ocorre. Esta proteína repressora resulta do chamado gene regulador (ou gene l ou lac l), situado próximo dos genes estruturais.
                                     Imagem:operão (visualizado em 28/02/2017)
                                     Fonte:http://aprenderbiologiacomapaulaeasuzi.blogspot.pt

O repressor liga-se a uma região do DNA próxima do gene que codifica para a -galactosidase e perto do ponto em que se inicia a transcrição do RNA. É a especificidade do repressor (o repressor tem a capacidade de reconhecer uma sequência específica de DNA, ou seja, um operador específico) que determina que este se ligue ao ponto no DNA próximo do gene que ele controla, e não noutro local ao longo do cromossoma.
Estando o repressor ligado ao operador é impedida a transcrição do DNA pela RNA polimerase.
                                     Imagem:enzimas (visualizado em 28/02/2017)
                                     Fonte:http://aprenderbiologiacomapaulaeasuzi.blogspot.pt

Derivados da lactose, ou a própria lactose, podem ligar-se ao repressor, alterando a sua configuração. Assim, este deixa de ter afinidade com o operador, e permite a ligação da RNA polimerase ao promotor, possibilitando a transcrição do operão.

                                    Imagem:operão (visualizado em 28/02/2017)
                                    Fonte:http://aprenderbiologiacomapaulaeasuzi.blogspot.pt

Operão triptofano em procariontes


A síntese de triptofano surge relacionada com um mecanismo repressivo. Quando o triptofano está presente na célula liga-se à proteína repressora (que é produzida na sua forma inactiva) activando-a. O complexo formado pelo triptofano e pelo repressor liga-se ao operador, impedindo a transcrição dos genes responsáveis pela produção ds enzimas.

Na ausência de triptofano, o gene operador fica livre podendo a RNA polimerase ligar-se o promotor e proceder à transcrição dos genes, originando depois, as enzimas necessárias à síntese de triptofano.
Alterações do Material Genético
O genoma dos indivíduos experimenta, em várias circunstâncias, alterações.

Link:http://aprenderbiologiacomapaulaeasuzi.blogspot.pt (visualizado em 28/02/2017)

MUTAÇÕES


No organismo humano grande parte das células divide-se continuamente, logo existe uma elevada probabilidade de erros.

Em cada célula ocorrem, diariamente, inúmeras alterações ao nível do DNA. As alterações permanentes denominam-se por mutações e os indivíduos que as têm chamam-se mutantes.

                               Imagem:Gato com mutação genetica (visualizado em 28/02/2017)
                               Fonte;http://www.gadoo.com.br/entretenimento

Mutações Génicas


Ocorrem quando se dá uma alteração pontual ao nível dos nucleótidos de um gene constituindo-se uma nova versão deste.
Existem 3 tipos de alterações: de substituição, de inserção e de deleção.

Mutações Cromossómicas


São mudanças do genoma do indivíduo que podem ocorrer tanto nos autossomas como nos cromossomas sexuais e desencadeiam um conjunto de sintomas causados pela dosagem anormal de genes.

Mutações cromossómicas estruturais: o número de cromossomas mantém-se, mas o seu material genético altera-se devido a perdas, ganhos ou rearranjos de determinadas porções.

O aparecimento de alterações estruturais deve-se sobretudo a rutura da estrutura linear dos cromossomas durante o crossing-over.

As mutações cromossómicas estruturais provocam doenças tais como:

– Síndrome do “miado de gato”:  é uma anomalia cromossómica, causada pela deleção parcial (quebra) do braço curto do cromossoma 5. As pessoas com translocações equilibradas são perfeitamente normais porque nenhum material genético foi perdido, assim sendo, provavelmente não saberão que são portadores até que tenham uma criança afetada  na família.
Mutações cromossómicas numéricas: São alterações na quantidade de cromossomas das células, em que lotes inteiros podem ser encontrados em excesso ou em falta (euploidias), ou apenas um par pode estar comprometido, com a presença ou ausência de componentes (aneuploidias).
Estas alterações devem-se  ao fato de na meiose não ocorrer uma disfunção de cromossomas homólogos na divisão I, quer uma não disjunção de cromatídios na divisão II.

As mutações cromossómicas numéricas provocam doenças tais como:

– Trissomia 21 ou Síndroma de Down: é um distúrbio genético causado pela presença de um cromossoma 21 extra total ou parcialmente. Esta está associada a algumas dificuldades de habilidade cognitiva e desenvolvimento físico, assim como de aparência facial. A síndrome de Down é geralmente identificada no nascimento.


                                Imagem:Criança com trissomia 21 (visualizado em 28/02/2017)
                                Fonte:http://www.fotosantesedepois.com/trissomia-21/

Poliploidia


É uma mutação no qual um organismo tem conjuntos extra de cromossomas nas suas células. De entre várias as causas salientam-se as seguintes para a ocorrência de poliploidia:
– Acidentalmente;
– Fecundação de um oócito por 2 espermatozóides;
– Fecundação de um gâmeta diplóide (triploidia);
– Falta de divisão do zigoto após a replicação dos cromossomas;
– A partir da não disjunção dos cromossomas durante a meiose ou mitose ou quando não há citosinese (repartição do citoplasma) na repartição dos cromossomas pelas células filhas;
o cruzamento entre indivíduos de diferentes espécies.

A poliploidia é muitas vezes provocada em laboratório para que se obtenham plantas mais resistentes, com grandes frutos, sem caroço.
Nos humanos os embriões não se desenvolvem e são abortados espontaneamente. Algumas células somáticas humanas podem ser poliploides.

FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA GENÉTICA


A engenharia genética permite conhecer melhor algumas das doenças humanas, oferece produtos sedutores à indústria e quer libertar a agricultura das suas dependências em relação aos adubos e aos pesticidas. Esta possui técnicas de elevada precisão para realizar algumas das suas tarefas. Um dos contributos mais importantes para esta revolução biotecnológica foi a descoberta das enzimas de restrição, que cortam a hélice dupla do DNA em zonas específicas.

                               Imagem:Enzimas de restrição (visualizado em 28/02/2017)
                               Fonte:https://sasofyp.wordpress.com/patrimonio-genetico

Técnica do DNA recombinante

                                Imagem:Técnica do DNA recombinante (visualizado em 28/02/2017)
                                Fonte:http://cienciaptodos.blogspot.pt

A técnica de DNA recombinante foi uma descoberta muito importante pois produz insulina humana.

DNA complementar (cDNA)

                                  Imagem: DNA complementar (visualizado em 28/02/2017)
                                  Fonte:https://sasofyp.wordpress.com


Link:https://sasofyp.wordpress.com/patrimonio-genetico/alteracoes-do-material-genetico/ (visualizado em 28/02/2017)


IMUNIDADE E CONTROLO DE DOENÇAS

Sistema Imunitário: Constituído por um conjunto de órgãos, tecidos e células capazes de reconhecer os elementos próprios e estranhos ao organismo e de desenvolver ações que protegem o organismo de agentes patogénicos e das células cancerosas.

As glicoproteínas da superfície membranar que permitem identificar uma célula como pertencente ou não a um determinado organismo tomam a designação de marcadores. Estes marcadores são codificados por um conjunto de genes ligados que se encontram no cromossoma 6 e constituem o complexo maior de histocompatibilidade (MHC).

Quando o sistema imunitário deteta marcadores diferentes dos que são próprios do organismo, ou quando deteta sinais de perigo, desencadeia uma resposta imunitária.
Resposta imunitária: conjunto de processos que permite ao organismo reconhecer a presença de substâncias estranhas ou anormais, de forma a que sejam neutralizadas e eliminadas.

Vírus


São seres acelulares (não possuem estrutura celular e por isso necessitam de parasitar outra célula para reproduzir-se, utilizando o metabolismo da célula hospedeira).

Um vírus não pode ser constituído simultaneamente por DNA e RNA.
O ácido nucleico é rodeado por uma camada proteica chamada cápside, possuindo (por vezes) algumas enzimas.
Muitos vírus possuem ainda um invólucro externo semelhante à membrana das células, produzido pela célula hospedeira onde eles se multiplicam.
São parasitas intracelulares obrigatórios – só manifestam características vitais dentro de células vivas por eles invadidas.
São incapazes de se reproduzir e realizar o metabolismo de modo autónomo. Invadem células e assumem o comando da sua maquinaria metabólica para se reproduzirem. Utilizam os organelos da célula invadida e as reservas bioquímicas da mesma para a produção de proteínas e ácidos nucleicos virais.

                               Imagem: Virus (visualizado em 28/02/2017)
                               Fonte:http://tiobill.com.br/virus/

Bactérias


São células procarióticas.
O DNA forma uma molécula (normalmente circular) no seio do citoplasma – não está rodeado pelo invólucro nuclear.
Muitas bactérias têm também pequenos anéis de DNA – plasmídeos – que contêm genes acessórios.
O seu material genético é designado por nucleoide – já que não forma um verdadeiro núcleo.
As bactérias não possuem organelos membranares, mas sim ribossomas e todas as estruturas necessárias à realização de biossínteses e transformações energéticas.
A reprodução das bactérias faz-se por divisão binária. (replicação do DNA. Separação das duas cópias, que se afastam em sentidos opostos. A membrana celular dobra-se para o interior e forma uma dupla camada a meio da célula, ocorrendo a divisão do citoplasma).

Linhas de defesa do organismo


Cada indivíduo é bioquimicamente único.
Esta individualidade é definida pela presença na superfície das células de macromoléculas (glicoproteínas) que são diferentes das macromoléculas das células dos indivíduos de outra espécie, de outro indivíduo da própria espécie e por vezes mesmo de outras células do mesmo indivíduo q experimentaram mutações.
Essas moléculas funcionam como marcadores celulares e são a expressão de genes que existem sob diferentes formas alélicas.
As linhas de defesa do organismo são variadas. Algumas estão presentes em todos os seres multicelulares e constituem a imunidade inata.
Outras foram adquiridas mais tardiamente na evolução das espécies, só aparecendo nos vertebrados, e constituem a imunidade adaptativa.

Imunidade: diversos processos fisiológicos que permitem ao organismo reconhecer corpos estranhos ou anormais, neutralizá-los e eliminá-los.

O sistema imunitário tem funções não só em relação a agentes estranhos, mas também na eliminação de células lesionadas ou já envelhecidas e na destruição de células mutantes ou anormais que se formam no organismo (vigilância imunitária – das principais defesas contra o cancro).

                                Imagem:Sistema imunitario (visualizado em 28/02/2017)
                                Fonte:http://www.estudopratico.com.br/

Defesa não específica


Os mecanismos envolvidos na defesa não especifica fazem parte da IMUNIDADE INATA, pois não são intrinsecamente afetados pelo contacto prévio com o agente invasor.
Impedem a entrada de agentes patogénicos ou destroem-nos quando estes penetram no organismo.

Barreiras anatómicas


São as primeiras linhas de defesa do organismo contra a entrada de corpos estranhos.

-Pele: primeira barreira mecânica e química para os corpos estranhos. Tem uma camada de células mortas que constituem a camada córnea protetora. Também células que asseguram a imunidade cutânea – são muito ramificadas, e por isso captam corpos estranhos, degradam-nos e apresentam fragmentos moleculares dos constituintes aos linfócitos T;
-Pelos das narinas;
-Mucosas: forram as cavidades do corpo que abrem para o exterior e segregam muco que dificulta a fixação de microrganismos e a sua multiplicação nessas mucosas.
-Secreções e enzimas: algumas glândulas segregam substâncias que são tóxicas para muitas bactérias, impedindo a sua progressão no organismo. Também existem células secretoras de muco que têm função de barreira.

 Resposta inflamatória


Traduz-se por uma sequência complexa de acontecimentos que visam inativar ou destruir agentes invasores quando alguns microrganismos ultrapassam a primeira linha de defesa do organismo.
No tecido atingido por agentes patogénicos, diversos tipos de células, como por exemplo, mastócitos e basófilos, produzem histamina e outros mediadores químicos que provocam a dilatação dos vasos sanguíneos e aumentam a sua permeabilidade. Com isto, aumenta a quantidade de fluido intersticial, provocando um edema na região.
1.Os agentes patogénicos e/ou as células dos tecidos lesados libertam substâncias químicas, principalmente histamina e prostaglandinas.
2.As substâncias químicas libertadas causam a vasodilatação e o aumento da permeabilidade dos capilares sanguíneos da zona atingida. Como consequência, aumenta o fluxo sanguíneo no local e uma maior quantidade de fluído intersticial passa para os tecidos envolventes.
3.A zona atingida manifesta rubor, calor e edema. A dor que acompanha esta reação deve-se à ação de substâncias químicas nas terminações nervosas locais e pela distensão dos tecidos.
4.Os neutrófilos e os monócitos são atraídos por quimiotaxia, deixam os vasos sanguíneos por diapedese e dirigem-se aos tecidos infetados. Os neutrófilos são os primeiros a chegar e começam a realizar a fagocitose de agentes patogénicos. Chegam a seguir os monócitos que se diferenciam em macrófagos.
5.Os macrófagos fagocitam os agentes patogénicos e os seus produtos, os neutrófilos destruídos no processo e as células danificadas. O pús que se acumula no local da infeção é formado por microrganismos e fagócitos mortos e por proteínas e fluído que saíram dos vasos sanguíneos. O pús é absorvido e, ao fim de alguns dias, verifica-se a cicatrização dos tecidos.

 Resposta sistémica


Envolve todo o organismo. Um dos sintomas é a febre.
As toxinas produzidas pelos agentes patogénicos e certos compostos chamados pirogénios, produzidos por alguns leucócitos, podem fazer disparar a febre.
Aumento do número de leucócitos em circulação – este aumento resulta da estimulação da medula óssea por substâncias
A febre muito alta é perigosa, mas a febre moderada contribui par a defesa do organismo, uma vez que dificulta a multiplicação de bactérias e vírus.


Defesa específica


Corresponde à imunidade adquirida: inclui o conjunto de processos através dos quais o organismo reconhece os agentes invasores e os destrói de uma forma dirigida e eficaz.
Interatuam com a primeira e a segunda linha de defesa. Ao contrário do que acontece com a defesa não específica, a resposta do organismo ao agente invasor melhora a cada novo contacto.
Podemos então falar em especificidade e memória.

Antigénios:
Componentes moleculares estranhos que estimulam uma resposta imunitária específica. Podem ser moléculas livres ou estruturas moleculares que existem na superfície das células. A grande maioria são polissacarídeos ou proteínas que existem na superfície externa de microrganismos invasores (ou que são produzidos por esses microrganismos).
Nem todos os antigénios fazem parte de microrganismos (pólen, hemácias, tecidos, órgãos transplantados, parasitas, etc.).
Um antigénio possui várias regiões capazes de serem reconhecidas pelas células do sistema imunitário. Cada uma dessas regiões é um determinante antigénico. Durante a maturação destas células, elas adquirem recetores superficiais para numerosos antigénios, passando a reconhecê-los. 
Os linfócitos que durante o seu processo de maturação desenvolvem a capacidade de reconhecer antigénios próprios do organismo são destruídos ou inativados.
Os linfócitos maduros passam para a circulação sanguínea e linfática e encontram-se em grande quantidade em órgãos do sistema linfático como o baço ou os gânglios linfáticos.
Em casos como as leucemias, etc., em que a medula óssea não funciona ou origina células anormais, pode ser proposta como tratamento uma transplantação de medula óssea.

                                            Imagem:Antigenio (visualizado em 28/02/2017)
                                            Fonte:http://www.wikiwand.com/es/Ant%C3%ADgeno

Os mecanismos de defesa específica do organismo são divididos em dois grupos:
-Imunidade humural (mediada por anticorpos);
-Imunidade celular (mediada por células).

 Imunidade Humural – MEDIADA POR ANTICORPOS


Os efectores da imunidade humural são os linfócitos B. estes produzem anticorpos.
Os anticorpos são uma forma solúvel dos recetores existentes na superfície dos linfócitos.
Todos os linfócitos que possuem o mesmo tipo de recetores provêm da multiplicação de uma mesma célula e constituem um clone, sendo capazes de reconhecer o mesmo antigénio.

Reação Antigénio-anticorpo


Os anticorpos pertencem a um grupo de proteínas globulares designadas IMUNOGLOBULINAS.
As imunoglobulinas são células com estrutura em forma de Y, constituídas por quatro cadeias polipeptídicas, duas cadeias pesadas (H) e duas cadeias leves (L). As cadeias polipeptídicas possuem uma região constante (C), muito semelhante em todas as imunoglobulinas e uma região variável (V).
Na região variável das imunoglobulinas existem sequências de aminoácidos que lhe conferem uma conformação tridimensional particular – sítios de ligação para um antigénio específico. É nesta região que se estabelece a ligação com o antigénio, formando o complexo antigénio anticorpo ou complexo imune.

O elevado grau de especificidade no local de ligação do anticorpo a um antigénio deve-se a dois fatores:
- A sua estrutura é complementar da estrutura de um antigénio;
- Nesse local toda a estrutura química favorece o estabelecimento de forças eletrostáticas de ligações de hidrogénio ou de outro tipo de ligação entre anticorpo e antigénio.

Mecanismos de ação dos anticorpos:


Os anticorpos não têm capacidade de destruir diretamente os invasores portadores de antigénios. Na verdade, eles marcam as moléculas estranhas, que depois são destruídas por outros processos.
- Neutralização: a ligação anticorpo-antigénio inativa o agente patogénico ou neutraliza a toxina que ele produz.
- Estimulação da fagocitose: a ligação anticorpo-antigénio estimula a ligação dos macrófagos e a fagocitose.
- Aglutinação: os anticorpos agregam os agentes patogénicos, neutralizando-os e tornando-os acessíveis aos macrófagos. A aglutinação é possível porque cada anticorpo tem pelo menos dois locais de ligação ao antigénio.
- Precipitação: ligação de moléculas solúveis do antigénio, formando complexos insolúveis que precipitam.
- Ativação do sistema complemento: o complexo anticorpo-antigénio ativa umas proteínas do sistema e desencadeia a reação em cascata que ativa todo o sistema. Como já foi referido, as proteínas do sistema de complemento estimulam a fagocitose e a lise celular.



Classes de Imunoglobulinas


A região constante das imunoglobulinas interage com outros elementos do sistema imunitário e possui características que permitem distinguir 5 classes. Diferentes classes de imunoglobulinas predominam em diferentes fases da infeção e em diferentes fluidos do organismo.  
Anticorpos diferentes podem apresentar a mesma especificidade antigénica.
As propriedades biológicas são conferidas pelas regiões constantes das cadeias pesadas, enquanto que a função de reconhecimento dos antigénios cabe às regiões variáveis.
                                           Imagem:Imonuglobina (visualizado em 28/02/2017)
                                           Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Imunoglobulina


Imunidade Celular - mediada por células


A imunidade mediada por células resulta da participação dos linfócitos T. estes só reconhecem antigénios apresentados na superfície das células do nosso organismo ligados a moléculas particulares que são marcadores individuais. É particularmente efetiva na defesa do organismo contra agentes patogénicos intracelulares.

Esta é a base do reconhecimento dos nossos próprios antigénios (self), que permite a tolerância imunológica; é também a base do reconhecimento de antigénios que nos são estranhos (non-self) quando apresentados por células apresentadoras.
Quando um macrófago fagocita uma bactéria ou um vírus, ao dar-se a destruição dentro do macrófago, formam-se fragmentos peptídicos que são antigénicos. Estes fragmentos ligam-se a certos marcadores superficiais do macrófago que os exibe e apresenta aos linfócitos T.
Estes linfócitos T são ativos contra: parasitas multicelulares, fungos, células infetadas por bactérias ou vírus, células cancerosas, tecidos enxertados e órgãos transplantados.
Na imunidade celular estão envolvidos os seguintes acontecimentos:
- Células que apresentam, na sua superfície, determinantes antigénicos estranhos ligados a proteínas do MHC são reconhecidas por linfócitos T auxiliares. As células apresentadoras podem ser macrófagos que fagocitaram e processaram agentes patogénicos, células infetadas, células cancerosas ou células de outro organismo;
- O clone de linfócitos T auxiliares, que reconhece o complexo antigénio – MHC, divide-se e diferencia-se em linfócitos T citotóxicos e linfócitos T de memória. Os linfócitos T auxiliares também libertam mediadores químicos (citoquinas) que estimulam a fagocitose, a produção de interferão e a produção de anticorpos pelos linfócitos B;
- Os linfócitos T citotóxicos ligam-se às células estranhas ou infetadas e libertam perforina (uma proteína que forma poros na membrana citoplasmática, provocando a lise celular);
- Os linfócitos T de memória desencadeiam uma resposta mais rápida e vigorosa num segundo contacto com o mesmo antigénio.
Existem diferentes tipos de linfócitos T com funções específicas – uns produzem substâncias químicas que coordenam diferentes intervenientes de defesa específica, outros matam células portadoras de antigénios, outros moderam ou suprimem a resposta imunitária quando a infeção já está debelada.

Desequilíbrios e doenças


O sistema imunitário preserva a integridade do nosso organismo. O combate a agentes patogénicos e a doenças por eles provocadas deve ser ajustado, de forma a que seja intensa o suficiente para ser bem sucedido no combate às mesmas, mas não excessivo ao ponto de prejudicar o individuo.
Deve ser específica e adaptada ao agente patogénico. Contudo, as pessoas reagem de maneira diferente face o mesmo antigénio.
Esta desigualdade pode ser adquirida por fatores como a desnutrição, a idade, etc., ou devido a uma componente genética, levando à produção de mediadores químicos que intervêm na imunidade de maneira diferente.
Qualquer um destes desequilíbrios pode criar situações de anormalidade no funcionamento do sistema imunitário. Este pode desregular-se ou possuir algumas deficiências, tornando o indivíduo vulnerável a infeções ou conduzir a reações violentas contra elementos do ambiente normalmente tolerados.

 Alergias


Algumas reações de defesa exacerbam-se e podem condicionar doenças. Uma dessas situações é a alergia. A asma, rinite alérgica, eczema, urticária e conjuntivite são manifestações alérgicas comuns.
As alergias correspondem a estados de hipersensibilidade imunitária, conduzindo a reações aberrantes em relação a antigénios específicos. Esta hipersensibilidade pode ter consequências graves, como a lesão de tecidos e órgãos.
As substâncias que desencadeiam alergias são os alergénios.
As reações alérgicas podem assumir vários aspetos:

                                Imagem:Alergias (visualizado em 28/02/2017)
                                Fonte:http://doutissima.com.br/2014/02/15/

Hipersensibilidade Imediata:

É a forma de alergia mais frequente e manifesta-se logo após o contacto com o alergénio.
num primeiro contacto os linfócitos B são estimulados a diferenciarem-se em plasmócitos que produzem anticorpos específicos da classe IgE. Esta liga-se aos mastócitos. Num segundo contacto, este alergénio liga-se ao anticorpo dos mastócitos (IgE). O complexo antigénio-anticorpo ativa os mastócitos e os basófilos e são libertados mediadores químicos como a histamina, que desencadeiam uma reação inflamatória intensa, caracterizada por vasodilatação, edema e afluxo de células fagocitárias.
Ex. asma, rinite e urticária.

Hipersensibilidade Tardia:

Leva mais de 12 horas a desenvolver-se e é devia a reações imunitárias mediadas por células.
É um exemplo deste tipo de hipersensibilidade a alergia de contacto.
Esta resulta de uma sobreactivação de certas células do sistema imunitário. Ex.: Eczema de contacto.

Algumas reações alérgicas podem conduzir a um choque anafilático, que é provocado pela diminuição brusca da pressão arterial em consequência do aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos – resultado de uma reação inflamatória MUITO intensa.

O património hereditário é um fator de risco importante na génese de certas alergias. O risco de desenvolver uma alergia é tanto mais elevado quanto os ascendentes diretos são alérgicos.


Doenças autoimunes


Os linfócitos são normalmente tolerantes em relação aos antigénios do próprio indivíduo.
Aqueles que apresentam uma forte afinidade para os antigénios do próprio indivíduo são eliminados ou ficam inativados aquando da sua maturação, impedindo a sua ação.
O timo funciona como um filtro, que só deixa passar os linfócitos com pouca ou nenhuma afinidade para os antigénios do próprio indivíduo. Um processo idêntico acontece com os linfócitos B na medula óssea.
Por diversos motivos, esta tolerância pode ser rompida e o organismo acaba por produzir anticorpos e células T sensibilizadas para alguns dos seus próprios tecidos, levando à sua destruição, tendo como consequência a lesão e alteração das funções dessas células.
Existem vários tipos de doenças autoimunes, cujos sintomas se relacionam com o tipo de tecido que é atacado e destruído pelo sistema imunitário do próprio indivíduo, sendo algumas delas:


Diabetes insulinodependentes:

O nosso organismo possui uma concentração variável de glicose no sangue à qual chamamos glicemia.
A variação dessa concentração pode ser devia à ingestão de alimentos com alto teor de glicose (aumenta a glicemia) ou devido à prática de exercício físico (diminui a glicemia).
Células localizadas no pâncreas chamadas ilhotas de Langerhans produzem insulina, que é usada na decomposição da glicose.
Contudo, alguns indivíduos apresentam concentrações anormais de glicemia. A essas pessoas chamamos diabéticos. Esta doença pode ter implicações a nível do sistema cardiovascular, nervoso, etc.
Esta é uma doença auto imune uma vez que no soro dos diabéticos encontram-se anticorpos contra células das ilhotas de Langerhans. Também os linfócitos T destroem as células produtoras de insulina através de mediadores químicos. O tratamento passa pela injeção diária de insulina.
Parece haver uma predisposição genética para diabetes.

                               Imagem:Medição da glicemia (visualizado em 28/02/2017)
                               Fonte:http://barlavento.pt/saude/dia-mundial-da-saude-combater-a-diabetes

Artrite Reumatoide


É caracterizada pela destruição de cartilagens articulares pelo sistema imunitário, o que causa a deformação das articulações e diminuição da mobilidade das zonas afetadas.


Esclerose Múltipla


Doença neurológica que inclui sintomas como perturbações sensitivas, formigueiros, falta de visão, desequilíbrio, dificuldades motoras nos membros inferiores, etc.
Verificam-se lesões na zona branca dos centros nervosos devido à destruição da mielina de axónios e de células nervosas, provocadas por linfócitos T ou mediadores químicos libertados pelo sistema imunitário.
Certos linfócitos T reativos a determinado antigénio “enganam-se” e atacam a mielina. Os macrófagos fagocitam os fragmentos da mielina. Também anticorpos são produzidos contra os constituintes da mielina. A longo prazo, estas lesões levam à atrofia do sistema nervoso central, com diversas consequências.


Imunodeficiência:

Os indivíduos podem não possuir linfócitos B ou T. há ainda casos em que se verifica a deficiência de fagócitos ou de outros intervenientes do sistema imunitário.
Como todos os agentes do sistema imunitário interagem, desde que um deles falhe, todas a linhas de defesa ficam perturbadas.

Imunodeficiência inata (ou congénita):

Existem diferentes tipos de imunodeficiências inatas, cujos sintomas dependem dos constituintes do sistema imunitário que têm um funcionamento deficiente.
A falta de linfócitos T traduz-se numa maior sensibilidade a agentes infeciosos intracelulares, vírus e cancros. A falta de linfócitos B traduz-se numa maior sensibilidade a infeções extracelulares causadas por bactérias e outros agentes.
A imunodeficiência grave combinada (SCID) passa pela ausência de linfócitos B e T. os doentes são extremamente vulneráveis e apenas sobrevivem em ambientes completamente estéreis.
Tratamento por transplante de medula óssea ou terapia genica.


                                          Imagem:criança com imunodificiencia (visualizado em 28/02/2017)
                                          Fonte:http://www.poderdasmaos.com.br

                  

Imunodeficiência adquirida:


O caso mais paradigmático na atualidade é o da SIDA (HIV).
A SIDA é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Este é um vírus de RNA (retrovírus) que infeta principalmente os linfócitos T, mas também linfócitos B, macrófagos e células do sistema nervoso.

No interior da célula hospedeira, o RNA viral é transcrito para DNA pela transcriptase reversa e o DNA é integrado no genoma. Quando ativo, o DNA viral dirige a produção de novos vírus que causam a destruição da célula hospedeira e infetam novas células. A diminuição progressiva do número de linfócitos T deixa o organismo muito suscetível a doenças oportunistas e cancros.

Não existe cura nem vacina para a doença, mas a sua progressão pode ser retardada por drogas inibidoras da transcriptase reversa (AZT) e das proteases e inibidores da ligação do vírus às células hospedeiras.

A contaminação pelo HIV é silenciosa, não desencadeando imediatamente uma doença aguda:
Após a fixação do vírus sobre uma célula-alvo, um linfócito T, o material genético, RNA vira, assim como algumas enzimas como a transcriptase reversa entram na célula.

Em presença da enzima transcriptase reversa, o RNA viral é copiado em DNA por um processo designado por transcrição inversa, formando uma cadeia simples de DNA complementar do RNA do vírus. A cadeia de DNA serve de molde à síntese de uma cadeia complementar, formando uma molécula de DNA em cadeia dupla, designada por provírus.

O DNA proviral é incorporado no genoma da célula hospedeira.
Os genes do vírus podem ficar um período mais ou menos longo sem se exprimirem.
Uma ativação do DNA proviral leva à sua transcrição, formando RNA mensageiro.
Algumas moléculas do RNA vão constituir o RNA viral, enquanto que outras funcionam de mRNA, ligando-se a ribossomas da célula, que passam a traduzir a sua linguagem codificada numa sequencia de aminoácidos que forma as proteínas do vírus.

Constituem-se então novos vírus, que formam saliências à superfície da célula e se separam, podendo infetar outras células.

Com a destruição dos linfócitos T que coordenam a defesa específica, o sistema imunitário vai enfraquecendo ao longo do tempo, tornando-se progressivamente incapaz de controlar a proliferação do vírus e de outros agentes patogénicos. Surgem assim doenças oportunistas, como a tuberculose, sapinhos, dermatomicoses, pneumonia, meningite, etc., que levam à morte do indivíduo.

Link:http://www.resumos.net/ (visualizado em 28/02/2017)

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