Mais um estudo revela por que comer um bife faz mal ao planeta
22.07.204 - PÚBLICO.PT | RICARDO GARCIA
Investigadores comparam impacto de vários produtos de origem
animal com base em dados concretos da realidade norte-americana.
Já se sabia que comer um bife é um castigo aplicado ao
planeta. Mas um novo estudo agora publicado deixa ainda mais claro que a carne
de vaca é o alimento de origem animal com mais impacto sobre o ambiente. Requer
28 vezes mais terra, 11 vezes mais água, seis vezes mais fertilizantes e emite
cinco vezes mais gases com efeito de estufa do que as carnes de porco e de
aves, os lacticínios e os ovos.
“A clara mensagem é a de que a carne de vaca é de longe a
categoria animal menos eficiente ambientalmente nas quatro métricas
consideradas”, concluem quatro investigadores dos Estados Unidos e de Israel,
num artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Science.
Os investigadores basearam-se em dados entre 2000 e 2010
sobre áreas cultivadas, água de rega e uso de fertilizantes nos Estados Unidos.
Também utilizaram dados sobre as emissões de gases com efeito de estufa,
derivadas de análises de ciclo de vida – em que tudo o que é necessário para
fazer um animal crescer é tido em conta.
O estudo avaliou o impacto da carne de vaca, de porco e de
aves, e também dos lacticínios e dos ovos, que juntos representam 96% do consumo
norte-americano de calorias de origem animal. Os peixes ficaram de fora porque
pesam muito pouco nos hábitos alimentares do país – apenas dois por cento da
energia de origem animal – e porque não havia dados suficientes.
Para produzir aquelas categorias de alimentos de origem
animal, são necessários 3,7 milhões de quilómetros quadrados – mais de 40 vezes
a área de Portugal – em culturas agrícolas e pastos. Também são consumidos 45
mil milhões de metros cúbicos de água, o que equivale ao consumo doméstico
norte-americano, e seis milhões de toneladas de fertilizantes – metade do total
nacional. As emissões de gases com efeito de estufa equivalem a 300 milhões de
toneladas de CO2 – cinco por cento do total dos Estados Unidos e quatro vezes
as emissões de Portugal.
Com muita massa e muito pouca eficiência alimentar, o gado
bovino destaca-se claramente em primeiro plano. Para cada caloria contida num
bife, são necessárias cerca de 35 calorias de pastagens e rações. Todas as
outras categorias de produtos estão próximas ou abaixo da taxa de conversão
usual entre dois elos da cadeia alimentar, que é de dez para um.
Os investigadores dizem que, embora o estudo seja baseado em
dados dos Estados Unidos, as suas conclusões reforçam as preocupações quanto à
exportação de hábitos alimentares para outros países, em especial a China e a
Índia, os mais populosos do mundo. “Os nossos resultados podem ajudar a
iluminar os caminhos que medidas legislativas correctivas podem tomar”,
escrevem.
visualizado em (20/05/2017)
Sem comentários:
Enviar um comentário