Cientistas descobrem causas da extinção de mamutes
A razão para a extinção dos mamutes pode ter sido uma
"explosão mutacional" – um aumento acentuado do número de mutações
negativas no seu DNA provocado pela diminuição do número desses animais, dizem
os cientistas em um artigo publicado na revista PLOS Genetics.
Segredos da megafauna
Até o momento, não há consenso sobre as causas da extinção
da megafauna da era do gelo. Alguns cientistas acreditam que os mamutes e
rinocerontes lanudos foram extintos somente por causa das mudanças climáticas,
enquanto outros paleontólogos se atêm à hipótese de igual
"contribuição" do homem e do ambiente para o desaparecimento dos
animais gigantes na Ásia e América.
Recentemente, os paleontólogos encontraram na Sibéria
"presas de leite" de vários mamutes, os traços nas quais mostraram
claramente que para a extinção destes gigantes, que viveram na Península de
Taimyr e no leste da Sibéria, contribuíram os caçadores humanos. Os
geneticistas também encontraram traços de degenerescência no DNA dos últimos
mamutes da Terra na ilha de Wrangel e outros cientistas — indícios de que estes
animais poderiam ter morrido de sede.
Rogers e seu colega Montgomery Slatkin ficaram interessados
nos indícios de degenerescência no DNA e decidiram ver a velocidade com que as
mutações se acumularam em genes de mamutes nos últimos mil anos de sua
existência na Terra.
Nisso eles foram ajudados pelos novos genomas de mamutes
publicadas por colegas. Alguns dos animais que eles examinaram viveram na época
do auge de mamutes em Yakutia, na vizinhança de Oymyakon, cerca de 45 mil anos
atrás, enquanto outros viveram em Chukotka e na ilha de Wrangel nos últimos
dias de sua existência na Terra, há 4,3 mil anos.
A ameaça secreta de extinção
Ao comparar os genomas dos mamutes uns com os outros, bem
como com o DNA de elefantes indianos, os cientistas contaram todas as suas
mutações prejudiciais — súbitas "quebras" de genes, genes com grandes
áreas remotas do código genético e vários danos leves. Como se descobriu, o
genoma do mamute da ilha de Wrangel continha um número desproporcional de tais
mutações, que se acumularam mais do que deveria ser no curso normal da
evolução.
Os últimos mamutes da Terra perderam assim uma grande
quantidade de receptores olfativos, bem como os genes associados à síntese de
vitaminas e outras moléculas vitais. Além disso, o pelo dos animais se tornou
transparente devido à perda do gene FOXQ1. No mais, foi interrompido o
funcionamento de quase três mil genes de mamute relacionados com a
"leitura" do DNA dentro da célula e a produção de moléculas de
proteína.
As peculiaridades na distribuição destas mutações, de acordo
com Rogers e Slatkin, apontam ao fato de que elas apareceram quase
simultaneamente no genoma das últimas gerações de mamutes da Terra. Pode se
dizer que eles viveram uma espécie de "explosão mutacional". Esta
explosão, de acordo com os cientistas, acelerou a extinção de mamutes e levou à
sua morte no momento em que o clima da ilha de Wrangler começou a mudar.
Curiosamente, os traços da mesma extinção acelerada foram registrados por
biólogos no genoma de elefantes indianos, cujo número diminuiu nos últimos
anos.
Esta descoberta vai ajudar a revelar as possíveis causas da
extinção de mamutes e também indica que a sobrevivência de pequenos grupos de
animais em ilhas e em outros sistemas ecológicos isolados não são suficientes
para a recuperação da população. O acentuado declínio da sua diversidade
genética, e a "explosão mutacional" que lhe está associada, não vão
permitir aos animais recuperar sua quantidade após o surgimento de condições
adequadas para a sua vida em outras partes do mundo, concluem os cientistas.
link:https://br.sputniknews.com/ciencia_tecnologia (visualizado em 27/02/2017)
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